Braços

Toca babalú, aí,porra!

Eis que na noite escura de sexta, 16 de abril de 2010, a TV Brasil adotou retransmitir o filme "Apolônio Brasil, o campeão da alegria", o que foi de ótimo agrado a quem já tivera a oportunidade insana de assistir tal filme. Toca babalú, aí, porra!
Correndo a favor de um cérebro, sim, um cérebro, um empresário doido, vivido pelo ator gaúcho José Lewgoy (seu último papel no cinema) resolve buscar nas informações legitimadas por amigos, parentes, "inimigos traídos"e conhecidos, a memória e vida de um grande músico, dito genial: Apolônio Brasil, por Marco Nanini.
As dublagens inicias de tão toscas e singelas parecem querer mostrar o rude e humilde cinema brasileiro sem fundos, porém exemplar na criatividade e uso de algum fuminho do diabo na criação das cenasSe o leitor viveu seu início de juventude pelos idos de 2000, durante seu ensino médio, quando o sono da noite de segunda-feira queria acompanhar o do final de semana que havia acabado, sabe do que quero falar: o espírito que emanava daquele cinema bárbaro-inteligente-desprovido-engraçado-irreverente brasileiro feito nas décadas de 70,80 e 90 (com exceções, obviamente).
Tudo em Apolônio Brasil lembra uma madrugada de segunda para terça. Os atores, o figurino desprovido de grandes reparos, cenários que lembram cenários e enredos que demoram para engatar e cansam facilmente se não vistos com bons olhos. Bons olhos, não comiseração, que assim o espectador não vai adiante.
Fiquei novamente rindo com cenas como a do General (anos de ditadura) tomando "remédios para dor de cabeça" que guardei um pedaço do texto:
-Nós somos major, não general.
Depois do "remédio":
-Nós não somos general, somos Rei!
Resumo rápido: Apolônio Brasil morreu e seus amigos e familiares são convidados para uma grande conversa (as histórias contadas são o filme) a fim de relembrar a vida esplêndida do músico, apaixonado pela madrugada, o uísque e as mulheres. Histórias tristes, felizes e hilárias. Um ótimo momento de paz assisti-lo. A cena final, quando a Golden Night fecha e "Os Cariocas" cantam é de arrepiar. Para relembrar bem o brasileiro cinematográfico das décadas que passaram, a secretária incia pudica e após doses de uísque, dentro da "empresa" que mais é o próprio cérebro, termina descabelada e apaixonada pelo cérebro de Apolônio, que está guardado dentro de um vidro sobre a mesa futurista cafona, cheia de botões do empresário doido.
O fim vale mesmo conferir.
Um abraço,
Bibiano.
Quem gostar, amar ou detestar, estou aí para uma troca de interpretações.

Deveras opositivo

Este blog vem para ser um braço. Aqui, todo o turbilhão de vozes e egos que rasgam a mente de alguém que decide expor letras, pensamentos, devaneios e incursões aos caminhos quentes de sangue do cérebro recebe certa atenção. É como o papel higiênico. Quando defecamos, a obra original está mergulhada, linda, hostentando a cor máxima que pode, a textura real que exerce, o dom de ser completa. Como uma reportagem trabalhada para ser perfeita. Quando bebemos, nenhuma das duas sai eficaz. Quando nos alimentamos mal (de fontes, documentos, saladas, fibras), nenhuma das duas alcança aquela eficiência de ser por completo, carregando o máximo que poderia. Voltando ao papel higiêncio, ele guarda para si resquícios daquilo que foi a obra, segura com força pedaços que foram essenciais ao trabalho mas que fugiram ou foram retirados a força. Assim funciona a reportagem (minhas). Na revista o Viés, o leitor encontra a reportagem. Aqui, tudo o que formou, os motivos que deram origem, o meio que construiu e o que pode ser guardado dela, como o papel agarrado e fechado sobre faces pequenas do todo da merda.

Um abraço,

Bibiano.